A SOMBRA EM SEU CORAÇÃO

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Ouça bem peregrina, ouça bem, pois existe em todo universo uma história para se contar, mas nossa mente foi deturpada de seu poder de criar e agora tudo o que temos são as palavras. O bosque tem escrito na terra uma história, nas cascas das árvores outras mais podem ser encontradas, mas nossa mente está ocupada sendo racional demais, sem dar espaço para uma nova visão. Pense, acaso sabe o pássaro o que é longe? Ou sabem os sapos o que é aniversário? Palavras que só os humanos entendem e que desviam do mundo oculto no bosque. Certa vez uma bruxa contou: o que você tem é o que você é, sua mente não é muito diferente da realidade que você vive. Para espanto de muitos essa é uma dura verdade, para outros essa é a chave para começar a ouvir sua alma. Muitas pessoas que vem ao meu bosque perguntam se um dia serão amadas, ou se um dia serão ricas... ou mesmo se um dia terão felicidade, mas veja, não se pode ser diferente sem mudar tudo de lugar, no mais, por mais que você lute e faç

A BRUXA SOLITÁRIA

 

Nos primórdios os primeiros amigos dos homens foram os espíritos que desde o início existiam. Nossas almas, tão antigas, através das eras ressurge, e anseia, se debate, se rebela, pois, porta memórias muito grandes e antigas para tão pequeno corpo. Deste modo buscamos um relacionamento com a terra em que vivemos, e dessa relação um conhecimento que é tanto solitário quanto comunitário surge.


Para nós a Bruxaria é a ferramenta dada pelos espíritos a aqueles que nada possuem, é o recurso dos oprimidos e dos marginalizados perante as sociedades que desprezam e maltratam nossa terra. Deste modo, somos aqueles que escolheram abandonar a sociedade doente para proteger nosso legado.


Com o tempo, aprendemos com os espíritos a atravessar para o Outro Mundo, o Outro Lado, o Reino dos Espíritos, através de uma magia mais antiga do que a religião e a palavra escrita, tão antiga quanto as florestas e rios, tão antiga quanto o próprio céu. Aprendemos com o pássaro, tanto quanto o livro; aprendemos com o vento e as colinas, tanto quanto com coisas escritas; aprendemos a ler nas nuvens e na chuva, o que de fato precisamos, e pouco a pouco encontramos os encantamentos, todos surgindo do chão da floresta, do deserto ou do gelo. Nós aprendemos que somos a tempestade, o granizo, o gelo, o vento, e tudo o mais.


Fazemos tanto o quanto podemos com nossas próprias ferramentas. Nós esculpimos, cortamos, costuramos, por vezes grosseiramente, mas são nossos objetos, pois fazemos com as nossas mãos as coisas que precisamos, e não compramos nada que possa ser trocado, encontrado ou roubado. Nós fazemos o que é necessário.


Plantamos nossas próprias ervas e vivemos com as plantas que colhemos do nosso trabalho. Pois há sacralidade em fazer crescer e diminuir, e é através desse poder, que tanto a parteira quanto o jardineiro usam, que realizamos nossos Atos de Poder.


Nosso conhecimento é sussurrado e está oculto no forno no qual assamos o pão, no sótão cheio de pó ou sob o tapete de nossa porta. O conhecimento da superstição perene, da lenda e da crença popular regional, são assim destilados através do tempo e da necessidade.


Não há nenhuma verdade. Há somente o céu, os espíritos da terra, e as velhas formas. Nosso caminho é lento, exige muita escuta e silêncio, para aprender a ver e ouvir o que passa despercebido pela sociedade.



Mme. Leonora


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